Do Manual dos Sentidos

Nem sempre o que se olha é real. Nem tão pouco o que nunca se viu, deixará inúmeras vezes de o ser!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Carta a Portugal

Em nome de Luis Vaz de Camões


Queria tingir-te de sonhos, os olhos, de tanta beleza
Ainda que a névoa obstrua teimosa, a luz da mente
Prometer fazer-te sentir o que o inerte sentir não sente
Ainda que a dor insista, no pão ausente da minha mesa

Não se pense que qualquer astúcia sobre o seu companheiro
Vingará na manha impune sempre falsa e lucrativa
Desista! Porque a Ordem não se alimenta de tal imperativa
Essa é a regra que fez do Mundo um pérfido lameiro

Que horizontes, que ideais e teses de justiça, que futuro?
Para esta "raça" de navegantes, sem navios, ou já no fundo
Das muralhas, das ameias da vigília se ergueu um espesso muro
Nos olhos desta pátria avó, adolescente, e prestes já sem Mundo

De aperfeiçoar se argumenta a revolta, que num instante se fez pudica
Ao untarem-lhe as mãos viciosas, se inibiu sempre em tal fasquia
Já eras...! De outras Eras madrasta impura possessa monarquia
Provai agora o leite de Hera, do farto úbere da república

É um dever presidencial presidir à intocável presidência
Estimular o ânimo para a vida e acender o pavio da esperança
Mas sem decretar o fim do mal que te proíbe da mudança
E sobre a dor de tantos, aceita luxos que só de alguns é residência

De nada te servem urbes e pontes regalando vistas de estuários
Crachás e broches, estandartes de um progresso de fingir
Quanto mais altas são as torres, de mais de cima hão-de cair
Sobre a desgraça do pensamento, encarcerado por jaulas e aquários.

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Cipyright: GermanoVaz - Representante Jurídico: SPA - Sociedade Portuguesa de Autores.

Este texto foi escrito na manhã de Domingo, 10 de Junho de 2001, quando me encaminhava para casa do Dr. Cláudio Torres, no antigo burgo de Mértola. De súbito, um vento suave e inspirador, muito perto daquele que nos anuncia a perfeição da atmosfera, pediu que me sentasse no degrau de uma primeira porta, e que registasse sem a mínima demora esta mensagem. Oferecida numa bandeja de ar, vinda de há mais de 500 anos atrás. Que dizer sobre isto, se os Seres humanos quase perderam a capacidade de o entender, como consequência de um deslumbre cego pela tecnologia...?! 90% dos fotógrafos e outros operadores de imagem, reagem mais à modernidade dos seus equipamentos, do que propriamente à nobreza de orientação dos conteúdos que lhes põem lá dentro. Havemos de regressar a este debate. Mas por agora é tudo.

Advertência: A ideia global do texto não pode ser transplantada para outro formato ou suporte, sem prévia negociação com os representantes do autor. Já antes, material de síntese como este foi interceptado por "criativos" ao serviço intermitente de produtoras e estações de televisão, e transformaram-no em argumentos que resultaram em fabulosos dividendos para os oportunistas. Sendo que, a fonte de autoria de primeira instância, viu a coisa processar-se, sem qualquer capacidade de intervir sobre a usurpação da ideia, e processar os respectivos direitos de propriedade intelectual.
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Moreanes, 12 de Julho de 2011.


sábado, 9 de julho de 2011

Os Eunucos

"Os eunucos devoram-se a si mesmos, não mudam de uniforme são venais, e quando os mais são feitos em torresmos, levantam-se os tiranos, pedem mais..."

- Passará mais algum tempo e a última holding que sobrará, com tanto vício de comprar e tão grande ânsia de poder, tentará por fim, comprar-se a si mesma. Ao primeiro cêntimo de investimento na sua própria compra, morreu atolada no veneno em que transformou a primeira razão da moeda.
- Já vi escroques no centro das práticas profissionais, atirarem laços de corda aos tornozelos de quem lhes ensinou tudo para poderem exercer o ofício. Para depois o espaço ficar mais livre e o ex ajudante ocupar em pleno o lugar de quem foi o seu mestre. Não por um soldo de competência, mas sim por outro de mero serviçal. O mais assustador de tudo, colocados diante das evidências e dos factos, ainda pretendem convencer-nos de que assim é que é normal. E assim prosseguem, e por lá continuam.
- O amor ensinado pelo 25 de Abril não teve tempo de se reproduzir. Os últimos 25 anos, quase liquidaram por completo a consciência de solidariedade descoberta e interiorizada por quase todas as almas vivas, no rescaldo da 2ª guerra mundial. Quem ainda não descobriu, pode prever agora para onde o pensamento actual nos encaminha.
- A convocatória feita pelas redes sociais, para que se concentrem os corpos numa revolta do lixo, contra as agências de notação, os rostos instituídos na politica ou representantes de Órgãos de Soberania, para que se faça sem demora a Agência de Rating Europeia, como se aqui residisse a solução do monstruoso problema que nos afecta, é perpetuar os estados de alma no mais vergonhoso obscurantismo, para que o Poder seja o que sempre foi. Resgatar para si quase todos os privilégios, e deixar na agonia dos tempos, os batalhões de robots, meticulosamente criados nas escolas, para o servir e para o sustentar. Num caldo de mentira e de traição ao semelhante, de que a miséria intrínseca não deixa descobrir ou interceptar as origens.
- Pilatos ainda perguntou à derradeira assembleia, quem deveria ser poupado à morte. Se Jesus, se Barrabás. O dedo decisor de uma estranha cruz feita consciência popular, votou Barrabás para a liberdade e Jesus para a morte. O problema é o mesmo desde então, e já o era antes. Não me surpreende que sejam recriados outros modelos de Gólgota para fazer definhar os que sofrem as consequências do ostracismo, ou ainda mais abjectas penalizações, até por parte daqueles a quem demos tudo, do amor, das nossas benévolas capacidades, e  por trazermos ao-de-cima uma melhor visibilidade do problema,  seguida de noções revolucionárias para o seu combate, ou maior proximidade à solução. Se ousas interferir em nome do bem como diferença, estás condenado. E condenado está o Mundo se ainda não se entendeu a si mesmo.
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Copyright: Germano Vaz - Representante Jurídico, Sociedade Portuguesa de Autores - 2-7/2011